Mais uma oportunidade para aprender com a vida

Mais uma oportunidade para aprender com a vida

No inicio deste mês, a 8 de março, a vida proporcionou-me mais uma experiência de crescimento e aprendizagem. A vivência de uma queda inesperada, um braço partido e a experiência dessa gestão emocional. Primeiramente, a dor, depois, o confronto com a realidade. Posteriormente, a incapacidade para dormir, trabalhar e escrever. O braço engessado, o direito, para mim que sou destra, foi um verdadeiro suplicio. De inicio a frustração dominou-me. A seguir a irritação invadiu-me.

Passou o primeiro dia e, face à perspetiva médica de três meses de estaleiro, eu não sabia como gerir as emoções. A impaciência tomou o seu lugar. Inesperadamente, a rotina virada do avesso. Como era possível ter partido, com uma fratura total de rádio, que necessitou de alinhamento, numa queda tão ridícula.

Porque só pensava no que tinha perdido e, inicialmente, não conseguia vislumbrar nada de positivo no acidente, amaldiçoei a Vida e a fragilidade óssea.

O segundo e o terceiro dias não correram melhor. Eu contava os dias em  contagem decrescente. Pois via os três meses a uma distância que me parecia inalcançável  e sentia-me cada vez mais ansiosa, frustrada e zangada com a situação. Coitada de mim! Eu personificava, na perfeição, o papel de vitima.  Como me podia aquilo ter acontecido. Porquê? Porquê a mim?

Entretanto, arrastei o sofrimento, apeguei-me a ele e tudo girava em volta disso. Esta atitude manteve-se, assim, por quatro dias. Ao quinto dia decidi que já chegava de ter pena de mim e deitei mãos à obra. Assumi, enfim, a responsabilidade pelo sucedido e aceitei que a queda foi apenas um instrumento da minha cocriação.

A responsável única de tudo sou eu. Sou eu que cocrio a realidade da minha vida. Se assim é, e acredito que é, só me restava perceber qual a razão. Qual a motivação profunda, qual a mensagem?  O que é que tinha de aprender e trabalhar? Que mudança a vida me convidava a fazer?

Portanto, não podia mais fingir que não havia nada a perceber nem adiantava de nada fazer de conta que não sabia. Uma vez, alguém importante para mim, disse-me que quando se sabe não é possível fingir que não se sabe.

Ora, se há algo que este caminho de auto descoberta e trabalho interno me ensinou é que não há coincidências nem situações sem sentido. Nesta perspetiva, certamente que tudo o que acontece pode ser visto como oportunidade de aprendizagem e crescimento.

Tudo, mas mesmo tudo, pode ser visto por uma perspetiva mais ampla, com uma consciência mais alargada, na busca de um propósito maior. Podemos escolher olhar para o que nos acontece com o olhar da vitima ou escolher olhar com o olhar do empoderamento e poder pessoal. A escolha é nossa!

Somos livres de decidir a cada momento o que fazer com o que nos acontece. As coisas não são boas nem más, apenas são. Aliás, esse julgamento de bom e mau é uma construção mental, de ego. A alma, o espirito, a essência, seja lá o nome que lhe quiserem chamar, não faz essa distinção. Para ela, tudo são oportunidades de aprendizagem e crescimento rumo ao que se dispôs a vivenciar nesta existência terrena.

Tudo serve um propósito e a nós só nos resta abraçar cada experiência em rendição e fluir com a Vida. Assim, com esta consciência ativada e bem presente em mim, resolvi sentar-me a meditar com a intenção de acolher o episódio, rendendo-me à Vida e abrindo espaço à compreensão do que me estava a ser oferecido.

Em profunda gratidão comecei por abrir espaço à minha voz interna, aquela que tudo sabe e que tão bem me sabe guiar. Depressa percebi que o convite era para parar. Foi o primeiro insight que tive e foi bem rápido.

Há mais de um ano que o tempo dedicado ao trabalho tem sido completamente insano. Por causa da pandemia cresceram os pedidos de consultas.  A saúde mental da população tem estado em declínio. É o confinamento, o desemprego, o medo, a solidão, a miséria, o aumento de consumos e violência doméstica. A ausência de apoios médicos quer em consulta quer em exames e cirurgias também não ajuda e o teletrabalho com filhos em telescola tem sido de uma exigência brutal. Juntamos o burnout dos profissionais de saúde. A perda de controlo e o fato de não haver um prazo para o fim de tudo isto são geradores de stress por si só. Agora, temos a vacina e as incertezas quanto à sua eficácia e efeitos secundários. Parece que de há um ano para cá a vida ficou em suspenso. Como resultado as doenças do foro psicológico têm crescido imenso.

Assim, para mim têm sido meses de trabalho intenso, sem folgas ou férias. Ora, facilmente se percebe que a fratura do braço direito pede que pare de imediato e tome consciência dos efeitos que essa excessiva dedicação ao trabalho tem a nível físico, mental e emocional. A paragem é forçada e obrigatória. A mensagem não foi recebida de imediato. Mas ainda vai a tempo. Antes que haja danos maiores.

Integrado que foi este primeiro insigth sei que não é tudo e continuo sentada em meditação hora após hora, dia após dia. Sinto que ainda há mais para apreender. Inesperadamente percebo que o que me está a ser oferecida é uma oportunidade para pôr em prática tudo o que tenho aprendido nestes últimos anos.

Que momento maravilhoso que a Vida me dá para, mais uma vez, utilizar os recursos internos que tenho, nos quais confio e que sei que funcionam! Que bom que é poder mostrar na prática o resultado efetivo do uso desses recursos!

Eventualmente até, quem sabe, abrir o campo quântico e ser, humildemente, exemplo.

E não é tudo. Há, igualmente, um convite para treinar a paciência e a rendição à Vida. Neste ponto, tenho de me lembrar que há cerca de três meses que me propus fazer um trabalho interno de entrega à Vida, em Fé e abertura de coração. Assim, disponibilizei-me para aceitar, de coração aberto e em plena rendição o que me fosse oferecido. Que maravilha! Como é simples e generosa a Vida com as suas lições e oportunidades!

No momento em que tudo se tornou claro fui inundada por uma tranquilidade sem fim. Então, a Paz ocupou o lugar que antes era ocupado pela irritação, pela frustração e pela tensão interna. Primeira lição integrada. Quando me rendo à Vida ela devolve Paz. Quando me permito abrir o coração e aceitar tudo, sem escolher o que quero ou penso querer, tudo fica mais fácil. Conforme deixo de lutar ganho serenidade.

E foi assim, de forma simples, rendida e em gratidão profunda que decidi pôr em prática o que me era pedido. Portanto, foram dias e dias dedicados à introspeção, meditação e cura.

Se por um lado aceitei pacientemente a paragem e aproveitei para explorar a utilidade do braço esquerdo por outro deitei mãos ao trabalho de cura.

Faço aqui um parêntesis para prestar homenagem a essa parte do meu corpo que durante tanto tempo desvalorizei. Que herói que tem sido o meu braço esquerdo. Que graciosidade e generosidade tem posto ao serviço. Tem tanto, tanto jeito para fazer tudo o que lhe é pedido. Seja comer, pentear, lavar dentes, tomar banho, dobrar roupa, varrer, cozinhar, escrever até. Surpreendentemente, tudo este meu braço e mão esquerdos sabem fazer. A nada se escusam e que bem que se têm saído. Gratidão é tudo que sinto.

Assim, o processo de cura tem ocupado grande parte do meu tempo. Sabendo, então, que a linguagem que o campo quântico reconhece e à qual responde é a emoção, sei que tenho de sentir e funcionar como se o osso estivesse intacto. A visualização, sobretudo, ajuda-me a sentir essa plenitude. Ver o osso completo, sem qualquer fratura e a medula óssea rosada e em funcionamento pleno ajuda-me a sentir que essa é a realidade.

É importante notar a diferença subtil entre desejar a cura e viver e sentir com a certeza que não há fratura. Ao desejar a cura assumo a doença e reforço, eventualmente, essa realidade. Ao viver como se o que desejo já existisse materializo essa verdade uma e outra vez.

Quando associamos uma intenção clara a uma emoção profunda, daquelas que nos faz vibrar e sentir apenas, aí sim, estamos a comunicar com o campo quântico das infinitas possibilidades numa linguagem que ele conhece e à qual responde sempre SIM.

É assim que se entra no campo quântico e se cria holograficamente o que queremos experienciar na vida, ou seja, a realidade desejada. Através da meditação este processo é facilitado. É o processo de co criação usando a intenção da mente e a emoção do coração.

E é tão incrível como neste pequeno acidente me perdi, e ao me perder me reencontrei.
E ao reencontrar-me percebi que Sou a Força que me trouxe até aqui e que tudo o que vivo são oportunidades.
Eu, tu, Nós, temos o Poder de Escolher a Cada dia Quem Somos!
E isso é o que Nos Torna Divinos
A lei da mente é implacável.
O que se pensa, cria-se;
Se se sente, atrai-se;
O que  se acredita
Torna-se realidade.